Sete anos depois do lançamento da
BC#13
(isso mesmo, sete anos!) a revista Beholder
Cego dá uma nova arfada de ar e mostra que ainda tem alguns Pontos
de Vida guardados. Ou talvez tenha sido uma magia de ressurreição, quem vai saber?
O fato é: estamos voltando!
Calma lá, não vamos com muita
sede ao pote. Sim, depois destes sete anos sem nada no blog ou mesmo em qualquer canal ou site de RPG, enfim estou
lentamente retornando às minhas antigas atividades de RPGista. Cabem,
obviamente, algumas explicações.
Beholder Cego? Que diabos é isso?
Para os recém-chegados: a Beholder
Cego é uma das primeiras (senão a primeira) revista on-line de RPG
totalmente criada e disponibilizada no Brasil. A edição 00 data de novembro de
2004, quase 14 anos atrás. Minha ideia na época era criar uma revista que
oferecesse gratuitamente material de suporte para jogos de RPG e outros
relacionados: aventuras, novas regras, monstros, personagens, resenhas,
notícias... As primeiras edições eram muito
simples e bem amadoras; mas com o tempo a revista cresceu, ganhou apoio de
muita gente e a qualidade aumentou. Matérias de novos escritores, como o Bruno “BURP” Schlatter (hoje autor de
livros de 3D&T e Tormenta), novos editores e
webdesigners, que deram um novo visual à revista e ao site (fica aqui meu muito
obrigado a Geliard Barbosa, Jonatas Fernando e Pablo Urpia, que contribuíram muito para o crescimento da Beholder),
e até lojas, empresas e revistas impressas começaram a nos apoiar (novamente,
meu muito obrigado à Jambô Editora, à
Editora Mantícora e à equipe da
antiga Dragon Slayer, que sempre ajudaram
na divulgação).
Mas aí eu fui crescendo, as
responsabilidades aumentando. Cada vez mais meu trabalho exigia minha atenção.
Então veio o mestrado, namoro, carteira profissional assinada, casamento... Não
havia mais muito espaço para o RPG, e a Beholder lentamente foi sendo
deixada de lado. Não que eu não mantivesse aquele grande desejo de voltar a me
reunir com os amigos e jogar, mas era cada vez mais complicado.
Foi ano passado, assistindo à
primeira temporada daquele programa Zero
1 da Globo que a fagulha voltou a
acender. Não vou entrar no mérito da qualidade do programa, o fato é que houve
um episódio em que se falou dos RPGs de mesa (de uma forma um pouco errônea em
alguns sentidos, mas enfim). Fato é que a matéria chamou a atenção de minha
esposa! Pois é, ela gostou e pediu que eu ensinasse um pouco sobre RPG. Gostou
especialmente das miniaturas, e eu tinha várias guardadas. Também, já fazia
algum tempo que o irmão dela demonstrava interesse em aprender a jogar Tormenta
RPG, mas eu nunca me mexia para ensinar. Decidi deixar a preguiça de
lado, arregaçar as mangas e preparar alguma coisa. Tivemos algumas partidas
rápidas (nas quais eles acabaram morrendo, mas deu para sentirem o clima; e
gostaram!), depois meu cunhado trouxe outros amigos interessados e pronto – tínhamos
um novo grupo de jogo (ou ainda em formação, melhor dizendo).
Lentamente comecei a ler o que
tinha de novo no mercado: Tormenta RPG cheia de suplementos
novos, D&D
em sua 5ª
Edição, centenas de novos blogs, sites e muito mais. A volta da
saudosa Dragão
Brasil! Descobri até uma Taverna
Beholder Cego – que não tem nenhuma ligação com nossa estalagem, antes que
perguntem; mas os caras são muito gente boa e tem coisas bem legais no site
deles, sugiro que deem uma olhada. Tudo isso me ajudou a renovar o ânimo e as
ideias. Quando percebi, estava escrevendo material de suporte para TRPG!
Daí a escrever novas matérias para a Beholder foi um pulo.
O resultado foi uma nova edição
da Beholder
Cego – que eu pretendo disponibilizar em breve.
Uma nova Beholder? Nova como?
A nova Beholder Cego será um
pouco diferente do que os leitores mais antigos estão acostumados.
Primeiro o formato: wide screen, o mesmo utilizado na BC#13.
O tamanho da folha ainda é o bom e velho A4, caso alguém queira imprimir, mas
agora pelo menos está mais fácil de ler na tela do PC. Considerando os avanços
atuais na tecnologia, creio que essa seja mesmo uma tendência e torna tudo mais
prático, principalmente para quem lê em tablets
e celulares.
Segundo, o visual agora será bem
mais simples e modesto, editado no Word mesmo. Por que isso? Porque parte do
material será desenvolvido nos horários de intervalo no escritório onde
trabalho, e lá não tenho programas muito sofisticados. Além disso, gostei do
visual clean quando ficou pronto.
Terceiro, não teremos mais seções
fixas. A ideia das seções, proposta pelo Pablo Urpia lá na BC#03, é ótima e dá
uma cara de revista oficial. Com o tempo, porém, a ideia acabou me atrapalhando,
se tornando um limitador: a cada edição eu precisava escrever algo que se
encaixasse dentro de uma seção específica, e às vezes eu simplesmente não tinha
ideia nenhuma. Sem as antigas seções eu fico com maior liberdade para escrever
aquilo que quiser, e a chance de a revista “empacar” é menor.
Na verdade, isso não é 100%
verdadeiro. Há uma “seção” que eu pretendo que se torne constante na Beholder:
Encontro Aleatório. Em cada edição, pretendo descrever um encontro aleatório,
com estatísticas das criaturas, diagrama de combate, táticas, tesouros... Algo
que o mestre pode simplesmente pegar e inserir em uma aventura qualquer. A
ideia é desenvolver não apenas desafios de combate, mas também desafios que só
possam ser vencidos com perícias ou estratégias (não garanto que eu vá
conseguir, mas é a ideia).
Quarto, pretendo evitar
adaptações. Não tenho nada contra elas, mas eu mesmo raramente as utilizo.
Quero que a nova fase da Beholder seja prática e rapidamente
aplicável na mesa de jogo, mesmo em uma campanha já em andamento. Justamente
por isso uma das coisas que quero focar bastante a partir de agora são as
aventuras: nesta nova fase eu espero ter pelo menos uma aventura em cada edição
da Beholder.
A edição #14 já conta com duas (uma
delas dividida em duas partes), e outras já estão crescendo em minha mente.
Quinto, sistemas. Este é um
tópico que deve desagradar a alguns leitores antigos. Como a maioria sabe, eu
gosto de Tormenta
RPG e jogos OGL – por isso estes serão os
sistemas mais frequentes dentro da revista. Algumas aventuras e material
genérico que use regras OGL (muitas vezes usando as regras de TRPG
como base) também serão comuns. Não que não possa aparecer algo para 3D&T
ou algum outro sistema, mas devo admitir que eles não serão o foco.
Sexto, não teremos mais uma seção
de notícias. A internet abunda de site e blogs com notícias de todo tipo no
universo do RPG, então acho essa seção dispensável em nossa revista. Claro, não
significa que não possam surgir resenhas ou comentários sobre futuros
lançamentos, mas uma seção inteira dedicada a notícias rápidas sobre o universo
do RPG... bem, isso nós não teremos mais.
E por último, não esperem uma
periodicidade definida. A BC#14 levou quase meio ano para ser
concluída, devido a uma série de imprevistos que ocorreram desde que comecei a
escrever. A próxima edição deve demorar um pouco menos, mas não vou prometer
nada. Tentarei manter o blog relativamente atualizado, mantendo os leitores
informados do andamento de tudo, mas as edições da revista mesmo podem demorar
a sair.
E quanto isso vai custar?
Nada. Talvez no máximo uma conta
no Facebook, Twitter ou Gmail para fazer o download pelo 4Shared.
Quando comecei a escrever a nova BC
procurei por formas de tornar sua produção um pouco “rentável” para mim –
afinal, um retorno financeiro é um incentivo a mais. Primeiro pensei em torna-la
um “financiamento coletivo” como muitos projetos que tem surgido pela internet
(a própria Dragão Brasil é hoje um financiamento coletivo), mas
acabei desistindo. O principal motivo foi a periodicidade incerta: eu realmente
não teria como dispor de mais tempo para produzir a revista, e acabaria não
conseguindo cumprir prazos. E aí seria muita sacanagem prometer uma coisa,
cobrar e depois não cumprir – para mim, honestidade é essencial.
Então decidi que investiria no Google AdSense, algo que não teria nenhum
custo para os leitores, mas renderia umas PO para mim – mas eles decidiram
cancelar minha conta, e não me autorizaram a criar outra. Fiquei desanimado,
quase desisti de tudo, mas aí pensei: desde seu surgimento a Beholder
Cego foi concebida para ser algo gratuito, produzido por prazer.
Mesmo assim, ela me abriu algumas portas e me permitiu conhecer bastante gente
nesse meio e até publicar alguns livros de RPG (como A Libertação de Valkaria e Guia
dos Dragões). Então porque não voltar a produzi-la por puro prazer?
Bem, que assim seja. A Beholder
Cego vai voltar à rede, inteiramente gratuita e sem fins lucrativos
(ao menos por enquanto). Vamos ver no que vai dar...
E quando ela vai ao ar?
Em breve.
Na verdade, a BC#14
já está pronta, restando apenas alguns toques e acertos finais. Neste momento
estou fazendo algumas revisões nos textos e já trabalhando na BC#15
(que já tem três matérias prontas e outras encaminhadas na minha cabeça). Então
não deve demorar. Mas também não quero lançar uma atrás da outra, pretendo dar
um tempinho entre elas.
Enfim, isso é o que tenho para
hoje. Logo, logo a BC#14 estará
disponível para download gratuito aqui no blog,
então fiquem atentos.
Sejam todos muito bem-vindos...
de novo!