quinta-feira, 5 de março de 2020

Resenha: Holy Avenger: Paladina – o começo de uma nova saga

Se você é fã de Tormenta (o maior cenário de fantasia criado no Brasil) já deve saber disso, mas Holy Avenger: Paladina (HA:P) é o mais recente mangá publicado pela Jambô Editora ambientado no cenário. Com roteiro de Marcelo Cassaro e arte de Erica Awano, o título é uma espécie de continuação de Holy Avenger, um premiado mangá lançado pelos mesmos autores na década de 90 e que foi considerado um marco para o cenário de Tormenta – que, na época, ainda estava em crescimento inicial.

Perceberam que eu disse “uma espécie de continuação”? Isso porque na realidade o título não é bem uma continuação direta, mas uma nova saga, uma nova estória, com elementos de seu antecessor. Pelo menos por enquanto, HA:P não traz Lisandra, Sandro, Tork e Niele de volta para novas aventuras. Tais personagens nem sequer aparecem – ok, pelo menos um deles aparece, mas não é realmente importante para a trama... ah é, e tem um outro que não “aparece”, mas... bom, deixa pra lá, melhor vocês lerem para entender. O fato é que não se trata de uma continuação. Isso o torna ruim? Nem de perto. HA:P resgata muitos dos elementos que fizeram sucesso nos anos 90 e os reinventa, trazendo algo novo e aproveitando todas as novidades que surgiram ao longo dos vinte anos do cenário. A estória é cheia de referências à série original que me arrancaram ligeiros sorrisos com o canto do lábio. Mas você não precisa conhecer a estória de Holy Avenger para entender Holy Avenger: Paladina; são estórias independentes.

Perceberam que eu falei “por enquanto” lá em cima? Então, quando recebi a notícia do lançamento deste novo título, presumi que a nova saga seria um volume único, com começo, meio e fim. Pois é, não é bem assim. Na verdade, o título lançado traz somente as cinco primeiras partes da saga. Outros títulos virão, dando continuidade à estória. O quão longo ela será, não é possível definir ainda, mas a se seguir os rumores de sua antecessora, será uma longa crônica. A Holy Avenger original teve 40 edições, sem contar duas edições de “epílogo” e umas cinco edições especiais, cada uma dedicada a um dos protagonistas.

Bem, agora vamos às minhas impressões e opiniões. Não vou negar que a nova trama não me prendeu tanto quanto a original. Não sei se é porque estou ficando velho e chato, mas acho que tem a ver com a “ousadia” do novo título. Holy Avenger (a original, dos anos 90) começou singela, com elementos pequenos, e foi subindo, abarcando elementos cada vez maiores até que os próprios deuses estavam envolvidos no enredo. HA:P é mais ousada nesse sentido: o próprio Khalmyr, Deus da Justiça, faz uma aparição logo de cara! Claro, suas reais motivações ainda são um mistério, ainda há muito para acontecer... mas não sei, achei alguns acontecimentos rápidos demais. Não estou dizendo que isso tudo estraga a estória, claro que não, mas eu preferiria que começasse mais devagar.

Outra coisa que achei estranha foi a aparição e o comportamento de Nialandarena. Sumo-sacerdotisa de Wynna, Deusa da Magia, Niala é uma personagem que já está presente no cenário há algum tempo. Quando ela surge, porém, parece um elemento novo, algo que acaba de surgir. Me pergunto se a origem da qareen será explorada com o tempo (incluindo alguns velhos rumores já sugeridos) ou se tudo será deixado de maneira subjetiva.

Por fim, cabe ressaltar que HA:P dá um grande salto temporal no cenário. Na realidade, eu diria até que o lançamento do título foi um pouco afobado. Considerando todos os novos elementos que aparecem na estória, seria mais lógico que HA:P fosse publicado apenas depois da publicação do vindouro Tormenta20, jogo que em breve atualizará o cenário de maneira muito consistente. Aliás, se você não está atualizado quanto aos eventos mais recentes transcorridos em Arton (principalmente os grandes acontecimentos narrados em A Deusa no Labirinto), fique esperto – haverá spoilers. Acabei descobrindo da pior forma (por sorte não dou muita bola para isso). O outro romance mais recente ambientado no cenário, A Flecha de Fogo, também tem uma influência em elementos de HA:P, mas são menos evidentes (e se você quiser entender porque Malpetrim está tão diferente, leia a Dragão Brasil #151).

Em resumo, Holy Avenger: Paladina é uma leitura praticamente obrigatória a qualquer fã de Tormenta, principalmente aqueles que gostaram do mangá original. Uma nova saga, recheada de referências (incluindo referências a outros elementos do cenário, como a famosa Guilda do Macaco) que divertirão e trarão boas lembranças aos saudosistas. Novos personagens, com potencial para serem tão carismáticos quanto aqueles que conhecemos em HA. Novos elementos do cenário que provavelmente serão profundamente explorados. Se seguir os passos de seu antecessor, Holy Avenger: Paladina nos apresentará uma nova aventura que ficará marcada para sempre em nossas memórias, assim como nos próprios anais do cenário (afinal, a HA original teve grande importância no lore do cenário; não ficaria surpreso se isso voltasse a acontecer).

Holy Avenger: Paladina pode ser adquirida no site da Jambô Editora, assim como os demais títulos do cenário.

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